Memória Gamer: Locadoras

It´s Me!

Caso você fosse corajoso o suficiente para se aventurar por bares e rodoviárias nos anos 90, algumas coisas eram inevitáveis de se encontrar: Bêbados para encher o seu saco, salgadinhos fritos extremamente gordurosos e um Fliperama. Esses Fliperamas ficaram populares no Brasil em função de dois jogos que faziam a cabeça da molecada, Street Fighter e King of Fighters.

Quando criança, eu não tinha autorização de meus pais para ir a nenhum desses lugares para gastar o suado dinheiro deles em fichas, mas para compensar me deixavam ir a um estabelecimento que hoje em dia já entrou em extinção, um lugar que assim como as Lan-Houses teve seu apogeu e declínio em um curto período de tempo (não tão curto quanto as Lan-Houses), e esse lugar era a locadora de videogame.

Eram lugares bem mais amigáveis para uma criança do que bares e rodoviárias, e provavelmente era o sonho de qualquer garoto naquela época. Imagine uma casa inteira totalmente ocupada com videogames em quase todos os cômodos, em um deles você encontrava Super-Nintendos, em outros Mega-Drives, e nos cômodos disputados a tapa entre as crianças reinavam supremos as estrelas do local, o grande Playstation e também aquele que para mim era o maior de todos, Nintendo 64. Todos esses consoles estavam a sua disposição, tudo que te separava do “Nirvana” Gamer eram alguns trocados no bolso (implorados a mãe) e muito tempo de sobra para poder jogar tudo aquilo.

Graças às locadoras, foi possível para muitos gamers conhecer jogos que não tínhamos condições de jogar na época. Foi em uma dessas que joguei pela primeira vez Mario 64, jogo que simplesmente me tirou o fôlego de tão incrível que era. Para quem estava acostumado com os gráficos simples em duas dimensões de Super Mario World, a sensação de pela primeira vez controlar o encanador em um ambiente em três dimensões é indescritível, posso dizer que devo isso as locadoras, já que nunca tive um Nintendo 64.

Foram muitos jogos alugados e jogados por ali mesmo, todos os dias depois da escola o lugar onde eu provavelmente estaria era por lá, se não estivesse jogando estaria assistindo alguém jogar. Experiências como essas nas locadoras me formaram o gamer que sou hoje.

Agora, sendo um pouco saudosista e até rabugento, não vejo algo tão legal para os jovens que gostam de videogame hoje em dia, a experiência de jogar está cada vez mais solitária e renegada a eventuais papos pelo chat de voz ou no Skype. Sinto falta daquele ambiente onde todos que estavam ali estavam ali de verdade e reunidos com um só objetivo, se divertir com o nosso hobby preferido, os videogames.